26 de dez. de 2007

Letrinha - Que é pra semana não passar em branco

Soy Loco Por Sol
Mundo Livre S/A

Olha o sol tingindo a madrugada
Um calor intenso estranho invade aos poucos o meu peito
É uma paixão incontrolável eu não consigo resistir
Comprar, comprar, gastar, torrar
Eu não vivo sem consumir
Sou o gatilho mais rápido do oeste
Com um American Express na mão
Já tenho 3 rifles em casa
E não vejo a hora de sacar mais uma vez a carteira
Aquela belezura prateada e automática
Logo, logo reforçará a minha coleção
Soy loco por carros novos
Um modelo pra cada ocasião
Vibro imaginando a quantidade de ozônio devastado
Cada vez que acelero meu novo 4/4
Se alguns desses abraçadores de lagoas
Estão mesmos dispostos a perder seu sono com isso
Vão em frente!
Quanto a mim estou ocupado demais
Tentando decidir como investir e gastar bem meu dinheiro
Liberdade, Liberdade!
Regulação é o mesmo que censura
Dane-se o planeta!
Dane-se as futuras gerações!
E é por isso Sol
Que eu sou apaixonado
Sou fanático e posso até morre por ti América
Eu tive um sonho
Diante da minha nova TV de 500 canais
Me deparei com um estranho episódio dos Simpsons
A Floresta Amazônica havia se transformado num imenso deserto americano
Conheci a doce e ingênua Solange trabalhando pro lá
Num dos milhares de postos da TEXACO
Ela atendia a todos que paravam com o mesmo sorriso largo
Dizendo “bem vindo ao deserto do real”
Convidei-a para um café e ela terminou me contando
Que tinha acabado de chegar da América
Triste, desolada, confessou que tinha sido deportada.
Pra minha surpresa
Solange topou viajar comigo de Ultraleve
A centésima para foi numa praia deserta próximo a Tihuana no México
Olha o Sol tingindo a madrugada...
Quando ela menos esperava estávamos sobrevoando a noite de balão
O trecho do muro daquele imenso muro que adentra o pacífico
Solange no entanto não se alegro
É difícil viver na clandestinidade ela lembrou
Então eu lhe contei que seus problemas tinham acabado
Pois eu conhecia uma maneira muito simples de conseguir o Green Card
é só a gente se alistar para o glorioso exercito americano
Em pouco tempo nos tornaríamos fuzileiros
E viveríamos juntos, felizes e totalmente realizados
Torturando aqueles vermes mulçumanos na base de Guatánamo em Cuba.
Um calor intenso estranho invade aos poucos o meu peito
Acordei suado e triste por ainda está aqui
Mas de toda forma saiba
América
Yo soy loco por ti!
América
Yo soy loco por ti!
América
Yo soy loco por ti!

7 de dez. de 2007

Procura - se

Além do dicionário,
homens e mulheres
estão sendo atacados
pela violência desmedida
de algumas palavras.
"Não há vagas" , por exemplo,
já fez várias vítimas.
Ataca pelas manhãs,
sem dó nem piedade,
na porta das fábricas.
Líder da quadrilhado vernáculo,
ela anda por aí,
livre,
sem ser incomodada pela lei.

Sérgio Vaz

4 de dez. de 2007

Samba Rock ???

Sandália de Prata (SP)

"Já de longe dá pra ouvir a gargalhada de Gildete/ manicure, cabelo trançado, andar turbinado/ a menina tá sempre por cima/ a menina tá sempre no clima/ até debaixo d'água eu sou/ Gildete futebol clube." Com raízes fincadas na gafieira, no samba de raiz, no samba-jazz e no samba-rock de que Jorge Ben é patrono incontestável, o grupo Sandália de Prata nasceu no Capão Redondo, zona sul de São Paulo. O destaque vocal é de Ully Costa, cantora-líder do grupo, por cuja história e por cujo sangue circulam música de igreja, Jorge Ben, Elza Soares, Wilson Simonal, Bebeto, Jackson do Pandeiro, João do Vale. Completam a big band Carlinhos Creck, Dado Tristão, João Lenhari, Marcelo Fernandes, Paulinho Sorriso, Sandro Lima, Tito e Will. As composições são de Ully, Marquinho Dikuã, Alê Muniz, Luciana Simões. É prata da casa, do Capão Redondo, do samba.

Choperia. Livre. 1 Grátis Dia(s) 13/12 Quinta, 21h. SESC Pompéia

1 de dez. de 2007

Pesquise: Marcelino Freire

CRISTÃO

Marcelino Freire


Amor é a mordida de um cachorro pitbull que levou a coxa da Laurinha e a bochecha do Felipe. Amor que não larga, na raça. Amor que pesa uma tonelada. Amor que deixa, como todo grande amor, a sua marca.

Amor é o tiro que deram no peito do filho da dona Madalena. E o peito do menino ficou parecendo uma flor. Até a polícia chegar e levar tudo embora. Demorou. Amor que mata. Amor que não tem pena.

Amor é você esconder a arma em um buquê de rosas. E oferecer ao primeiro que aparecer. De carro importado. De vidro fumê. Nada de beijo. Amor é dar um tiro no ente querido se ele tentar correr.

Amor é o bife acebolado que a minha mulher fez para aquele pentelho comer. Filhinho de papai, lá no cativeiro. Por mim, ele morria seco. Mas sabe como é. Coração de mãe não gosta de ver ninguém sofrer.

Amor é o que passa na televisão. Bomba no Iraque. Discussão de reconstrução. Pois é. Só o amor constrói. Edifícios. Condomínios fechados. E bancos. O amor invade. O amor é também o nosso plano de ocupação.

Amor que liberta, meu irmão. Amor que desce o morro. Amor que toma a praça. Amor que, de repente, nos assalta. Sem explicação. Amor salvador. Cristo mesmo quem nos ensinou. Se não houver sangue, meu filho, não é amor.