12 de nov. de 2007

Arte, Ciência e Conhecimento

“A verdade essencial
é o desconhecido que me habita
e a cada amanhecer me dá um soco”

(Carlos Drummond de Andrade)


Em um primeiro instante pode soar como estranha a afirmação de que ARTE e CIÊNCIA guardam entre si algumas similaridades. De maneira equivocada, há quem as pense como sendo realidades opostas (que existe entre elas um abismo, que as separa); imaginando-as como elementos contraditórios atribuem à primeira a capacidade de interpretação SUBJETIVA do mundo, ao passo que à segunda, a idéia predominante diz respeito a uma interpretação mais OBJETIVA, mais próxima à realidade do mundo que nos cerca. Essa visão relaciona então, a ARTE com o sentimento do homem em relação ao mundo e, a CIÊNCIA com a compreensão e entendimento que ele tem acerca do mesmo. A arte como uma forma de emoção e somente a Ciência como forma (produto?) de conhecimento.
Arte e Ciência são igualmente linguagens humanas (a arte com suas metáforas e conotações, a Ciência, com suas denotações, suas certezas, mesmo na incerteza!), decorrentes, ambas, da capacidade imaginativa e criativa do ser humano – sua capacidade de entendimento, interpretação e aproximação com a realidade do mundo do qual é parte integrante. É esta capacidade de imaginação humana que faz com que, tanto uma quanto a outra, estabeleça para si própria um processo de busca do conhecimento, afinal, é peculiar ao ser humano seu permanente desenvolvimento intelectual e cultural.
Ao pensar e elaborar as suas idéias ou modelos mentais (re) produzem, geram conhecimento (origem em comum - processo do imaginário e criatividade humana); talvez difiram no que diz respeito a seus objetivos/fins (e mesmo nos critérios que os validam): o conhecimento produzido pela Arte por vezes pode ser a releitura que a mesma faz do mundo buscando compreendê-lo (ela capta no real um “novo real”) e, para a Ciência o mesmo (conhecimento) constitui-se em um meio e objeto para explicá-lo (mundo). A Ciência procura explicar o mundo ao passo que o interpreta (o universo quântico, tempo e espaço relativos, ...); a arte busca interpretar esse mesmo mundo ao tentar explicá-lo (a pintura que grita os horrores da guerra, o samba que chora as injustiças sociais, a estátua que parada pensa insistentemente...!)
Ambas são condicionadas por seu tempo e representam, portanto, os ideais, inquietações e necessidades de sua própria época. Estão relacionadas ao nosso modo de ver o mundo e por isso, não podem ser indiferentes aos problemas dele (não há neutralidade em arte nem em ciência).
Olhares diferentes? Com muita coisa em comum: a mesma imaginação criativa do ser humano em busca do conhecimento (que não deve ser estático) que seja interpretação e ao mesmo tempo entendimento (e intervenção) sobre o mundo!


Por Alessandra Cristiane - a nossa querida Ale_Cri_M
Alê é Licenciada em Física e Amante da Arte ! ! !

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